Meraki

Estava lendo Clarice Lispector quando me deparei com a frase "A esperança era o meu pecado maior." E pensei nela, em como ela, o meu maior amor, e a esperança eram os meus maiores pecados. A esperança de um dia voltar a ser mágico como foi. A esperança de recomeçarmos a partir do momento em que as coisas foram ficando feias, quando começou a perder aquela piada que nós tínhamos. A esperança de re-escrever a nossa estória, para que tenha um final mais bonito do que teve. Ou talvez a esperança de que não tenha final, porque era com ela que eu imaginava o resto da minha vida! E, como pecado, sabe bem mas faz mal . Até que é saboroso lembrar dela, dos nossos momentos e imaginar coisas ainda mais bonitas do que as que vivemos. Mas - há sempre um mas - quando volto à realidade e vejo que não passa de fumaça onde já não há mais fogo, a dor é ainda maior, o vazio por vezes é insuportável. E tantas vezes questiono se valeu a pena viver aqueles momentos de

 O problema de alguém ser a tua personificação de paz é que quando a pessoa se vai o teu mundo parece desabar.  Quando o mundo é um enrolado de problemas, quando a vida mais parece um novelo de lã que serviu de brinquedo a um gato jovem, e alguém te faz rir e te faz esquecer da tua vida, que a tua vida é aquele novelo, aí tu sentes que por breves momentos o universo está alinhado, e que talvez mereças a paz que essa pessoa te traz.  É bom quando finalmente percebes que alguém consegue fazer isso; trazer-te a tão esperada paz . Talvez até um pouco de felicidade disfarçada de gargalhadas e cuidado.   Nessa altura nem queres pensar que a paz e o riso fácil se podem ir embora. Tu sabes porque aprendeste que tudo é efémero, que nada é eterno, que tudo passa, porque a vida é cheia de metamorfoses. Mas pensar no fim é doloroso chato.  Não tão chato quanto o final. Quando o teu mundo quer cair porque ninguém te segura e tu não aguentas nem com o peso do teu próprio corpo.

 Enquanto estamos juntos eu sou tua. Sou minha sempre . Mas quando estou nas tuas mãos nem consigo pensar racionalmente, e sou mais tua do que minha. Quando não estou, sou minha, e sou do mundo. Mas oh meu bem, eu sou tua.  Não consigo ser mais do que nossa. Sim, naqueles momentos há um nós. Depois voltamos cada um à sua vida e o nós ficou na realidade paralela.  Realidade paralela. Adorei a expressão. É isso. O nosso nós existe paralelamente à realidade que vivemos. É o nosso jeito, a nossa maneira de ser e funcionar, e ainda não deixamos de ser quem somos.  Somos um com o outro o que temos de mais nosso, de cada um. Aquilo que não partilhamos com todos, muito menos aquilo que vivemos. Somos o que temos de mais genuíno. Somos a maior das sinceridades.  Eu sou tua, não consigo ser de mais ninguém enquanto me cortas a respiração, me agarras e me sussurras coisas ao ouvido. Tu sabes, não sabes?! Independente do incerto futuro, não quero nunca que duvides. Ainda que não tenh

 Desculpa por todas as vezes em que te deixei à espera. Desculpa pelas vezes em que as palavras me saíam da boca mais depressa do que conseguia raciocinar. Desculpa pelas vezes em que tudo parecia mais importante do que tu e deixei de estar contigo para fazer aquele não-sei-quê que nem me lembro. Desculpa pela insegurança que te causava e pelo amor que não mostrava.  Sei que nada disto adianta agora, que fugiste para longe – e fizeste tu bem – mas a consciência pesa-me e a tua falta faz-se sentir a cada noite gelada que conduzo para casa, sentindo saudades dos teus beijos quentes.  Sabes que nunca fui desse género de mostrar sentimentos, eu disse-te, mas quando a tua falta é maior do que tudo as palavras são o meu escape. Gostava que lesses isto e me deixasses mostrar-te o melhor do mundo. Mesmo sabendo que é utopia da minha cabeça. Deixa-me sonhar, meu amor.  Sonho-te todas as noites. Espero que consigas dormir – digo isto por causa daquela teoria marada de que não conse