Meraki

 É que eu tento acostumar-me à tua falta.  Tipo droga: primeiro custa muito, depois mal lembro, até que há um acontecimento-crítico e tenho uma recaída.   Volto a afastar-me na esperança de que passe de vez. Mas sabes o pior? Não passa!  E tal e qual droga: a tua presença faz-me bem, deixa-me eufórica, como nada mais no mundo!  De um vício "normal" eu até compreendo que uma pessoa passe uma vida a controlar a vontade - tenho pena! - já percebi que pode ser assim, e que, infelizmente a pessoa vai ter de passar anos e anos a resistir: a pensar no vício (e no prazer que ele traz) e a ser forte dia após dia.  Agora contigo, eu não imagino como vou viver uma vida inteira a pensar em ti sem te ter. Muito menos com recaídas!  Manda-me lá o teu anti-hipertensivo , por favor!  💭 “A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer;   o vício , é quando se tem o prazer seguido da dor.” Margaret Mead

 Às vezes gostava de não me importar tanto. Mas importo.  Gostava de poder amar-te sem pensar em mais nada, até porque é assim que se ama.  Sem pensar nos riscos, nos problemas, nas pessoas; apenas nos ganhos, nos risos e nos sorrisos.  Gostava de conseguir correr para o teu colo sempre que quero, sempre que a vontade bate. Poder ligar-te só para ouvir o som da tua voz, e da tua gargalhada.  Mas a vida não é assim. Ou eu é que não sou assim. Eu penso muito, eu pondero, eu peso os prós e os contras na balança. É assim a minha vida. Cheia de pausas. E vazia de ti.  Fazes-me mais falta do que gosto de admitir. Do que gosto de pensar. Tento esquecer o vazio que me deixas; a vida é menos dura se não te lembrar. A vida é menos dura se não lembrar que não faço nada para te ter de volta. N ão queres vir tu?